sábado, 26 de março de 2011

Aconteceu no Ônibus

Vou contar pra vocês um fato q me fez pensar muito.
Essa história aconteceu comigo ontem quando estava voltando do trabalho.

Voltando do trabalho, como sempre, peguei ônibus, e sentei na minha tradicional cadeira do fundo, na parte da janela. Quando dois pontos depois entra um cara e senta rapidamente do meu lado. Meio suspeito.
Eu logo, como toda menina carioca que ja passou por alguns assaltos na vida, fiquei toda neurótica. Agarrei minha bolsa, fiquei de olho no cara, mas sem q ele percebesse (eu acho). Tentando mostrar que eu estava "em alerta." Sair do meu lugar seria indelicado caso fosse alerta falso, mas ficar ali estava me dando taquicardia.
Não deu nem 2 min, ele me perguntou as horas.
E pra minha surpresa ele falava espanhol.
Eu meio sem graça, respondi. Mas logo voltei a olhar para o meu ponto fixo no ônibus.
Passando pela Central, ele me fez outra pergunta:  (vou escrever em português pq n vou arriscar o espanhol)
   - " Essa é a central?"
   - " Sim" ( ainda muito desconfiada, pq uma vez, minha prima quase foi assaltada assim)
   - " É aqui que vai pra Duque de Caxias?"
   - " Depende, de trem ou de ônibus."
   - " Pq uma vez meu amigo saltou aqui para ir para lá. Onde é o trem?"
OK. Aqui eu já estava bem mais calma. Era só um turista perdido.
   - " Está muito calor " ( claro, ele estava ao meio dia, no centro da cidade, com uma camisa preta)
   - " Bem vindo ao Rio de Janeiro!"
   - "Gracias"
   - " Vc é de onde?"
   - " do Chile..."
E nisso viemos conversando a viagem inteira.
Ele veio para cá pq  mãe dele, que mora aqui, estava com câncer no seio, e está em tratamento. "Mas já esta bem Graças a Deus." (palavras dele)
Ele trabalha como costureiro de Biquínis e tem uma barraquinha na feira de Copacabana.

Uma coisa interessante que ele falou é que aqui no Rio, todos são muito alegres. E que se sentia bem, como se fosse daqui enquanto conversava-mos. Me perguntou, também, se por aqui todos eram como eu, que mesmo sem conhecer, conversam e respondem as perguntas, pq la no Chile, as pessoas não são assim.
Isso é estranho,  imaginar que quando for ao exterior as pessoas vão me ignorar. 
Enfim.
Fiquei feliz de fazer alguém se sentir bem.
E triste de ter que ser cautelosa com todos que sentam ao meu lado no ônibus.
Queria pedir desculpas a ele pelo preconceito inicial. Mas é que aqui é o Rio de janeiro, neh! 
Como diria Fernanda Abreu:

"Rio 40 graus cidade maravilha purgatório da beleza e do caos!"





3 comentários:

  1. Eu teria o mesmo medo que você... É mais que normal! Quem vive no Rio sabe dos riscos que passam e que tudo e todos são suspeitos. Eu não ficaria ofendida se fosse comigo... Faz parte! :)
    Beijos Lê!

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  2. Ainda bem que ele não começou a falar de igreja.. e querer te doutrinar no ônibus... hhhe

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  3. Normal Le, não tem como não andar pisando em ovos na cidade em que moramos. Mas é tão normal quanto ver turistas embasbacados com nossa hospitalidade. Adoro isso!

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